Como as eleições de 2018 vão influenciar a bolsa de valores

O fim de 2017 foi marcado pelas reformas políticas e o início deste ano foi dito como época de crescimento econômico. Tudo isso influencia diretamente nos investimentos financeiros. E mais: como vai ficar o mercado financeiro com as eleições presidenciais de 2018?

– Este artigo não tem cunho político, nem eleitoral. São apenas informações baseadas em comentários de especialistas e com provisão do mercado de finanças.

Alguns pré-candidatos já se apresentaram à imprensa, mas nada de oficial.

“Se não houvesse tanta incerteza, os investidores poderiam fazer planos mais estruturais, principalmente nos fundos de investimentos”, disse Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos.

“As primeiras grandes fontes de incerteza é que não sabemos quem são realmente os candidatos. Em segundo lugar, temos um candidato muito forte e que não sabemos se vai poder se candidatar [Lula]. Isso poderia assustar o mercado financeiro”, completou.

A dica é analisar as pesquisas de intenção de voto, ainda que isso também seja incerto. Em um levantamento da Data Folha feita no ano passado, Lula era o líder do cenário, seguido de Jair Bolsonaro e Marina Silva. Depois, apareciam Geraldo Alckmin e João Doria.

Depois disso, a XP Investimentos fez uma pesquisa com investidores e mostrou que o candidato que tiver mais perfil reformista será o vencedor. No caso, João Doria foi indicado com 40% das respostas, seguido justamente por Alckmin.

“Isso conversa bastante com o quadro atual do país, com tantas medidas reformistas sendo aprovadas no Congresso e a população compreendendo a importância de mudanças e de um Estado menor”, avaliou a instituição.

“O Bolsonaro, com retórica nacionalista e pouco atrativa para os investidores, seria ruim para os investidores. O pior cenário para os investimentos, porém, seria um candidato de extrema esquerda ou de extrema direita”, disse Buccini.

Entenda os possíveis cenários, conforme opinião dos comentaristas e da XP para o caso de cada um dos candidatos vencer as próximas eleições, confira!

Se Lula vencer as eleições presidenciais em 2018…

Os investidores apontam um desfecho negativo para a Bolsa de Valores. Eles indicam uma queda de praticamente 20%, ou seja, abaixo dos 40 mil pontos – algo muito próximo com a crise de 2008.

Para a menor parte dos investidores, haverá uma alta no índice Ibovespa.

Na opinião do especialista da Rio Bravo, a candidatura de Lula vai além da política econômica. As implicações envolvem obstáculos maiores do que o mercado financeiro.

“Os mercados sofreriam numa eventual eleição dele, mas não na mesma magnitude de 2002”, disse Buccini.

Se João Doria vencer as eleições presidenciais em 2018…

Para os entrevistados, o Ibovespa subiria mais de 80 mil pontos, alta de 20%. Uma pequena porcentagem acredita na queda do índice.

“É difícil especular com tanta antecedência, mas o efeito de Doria como possível presidente deve ser positivo, uma vez que ele se cerca de pessoas capacitadas em várias pastas. Resta saber a chance de vitória. Caso suba nas pesquisas, cria um cenário bom”, diz Evandro Buccini.

Se Geraldo Alckmin vencer as eleições presidenciais em 2018…

O Ibovespa subiria acima de 70 mil pontos, alta de 20% também.

“O Alckmin é um pouco menos claro do que o Doria sobre a economia. Ele parece ser uma pessoa pragmática em muita coisa e é difícil saber se vai se cercar de economistas ligados a uma corrente liberal ortodoxa”, disse o comentarista da Rio Bravo.

Para a consultora Eurasia, o risco com a eleição de Alckmin é quanto ao fato de ser o único candidato reformista. Nesse cenário, seria uma recusa aos políticos mais tradicionais.

Se Jair Bolsonaro vencer as eleições presidenciais em 2018…

Para a maior parte dos investidores, o Ibovespa baixaria mais de 55 mil pontos. Logo, eles veem uma queda de 17% no índice.

Reprodução: Google

Independente de quem vencer a eleição…

A Órama fez um relatório avaliando o ano de 2017 e projetando 2018.

A projeção é que o cenário mais possível é uma campanha eleitoral que chegue ao segundo turno com um dos candidatos sendo chamado de “radical”, mas que um reformista seja o vitorioso.

Isso geraria um impacto no câmbio e elevações na taxa Selic.

O fato é que independente de quem vença as eleições de 2018, os candidatos terão de debater temas importantes para a economia.

“O vencedor terá de ajustar o lado fiscal do país. Para voltar a crescer 3% ao ano, o Brasil vai precisar de investimentos dos empresários, pois o crescimento não se dará somente pelo consumo das famílias”, disse.

O dólar e a taxa de juros como influenciadores da bolsa de valores

O mercado externo para não ter tantas turbulências. “Em 2017, o estrangeiro teve um peso forte na retomada da Bolsa, mas neste ano a entrada pode ser comedida, até mesmo pelo plano tributário dos Estados Unidos”, afirmou a Planner.

O banco central americano será comandado por Jerome Powell e isso deve representar uma que de juros. O banco central europeu também vai reduzir (pela metade) a compra mensal de ativos. O banco suíço aponta riscos a crise de dívida da China e com o Oriente Médio.

Do lado dos investidores, é importante notar que a Bolsa de Valores é um importante instrumento de diversificação de investimentos financeiros de longo prazo, mas que levam em conta os riscos do mercado.

Logo, há alguns pontos que levam a bolsa para cima, como:

  • Juros baixos em países desenvolvidos,
  • Lucro maior das empresas nacionais,
  • Valorização de matérias-primas.

E há pontos que vão para baixo, como:

  • Aumento dos juros nos Estados Unidos,
  • Deterioração do cenário macroeconômico,
  • Sinalização de vitória de candidatos populistas,
  • Crises geopolíticas.

Depois disso, há de se considerar o dólar, que quando está baixo controla a inflação, mas se cair muito prejudica a exportação (e a retomada da economia).

Já a taxa de juros, quando diminuem derrubam o valor do rendimento dos investimentos. Por outro lado, as empresas e famílias podem conter e diminuir o seu endividamento.

Onde investir em 2018

O ano de 2018 promete  e a combinação de fatores fazem com que os investidores montem suas carteiras bem posicionadas para enfrentar as turbulências e chegar as melhores oportunidades.

Felipe Relvas também é da XP Investimentos e fez algumas análises – e a primeira delas diz que o mercado de investimentos de 1% ao mês acabou. A renda fixa não poderá mais entregar essa rentabilidade em 2018 considerando o patamar dos juros em 7%.

Ele se diz otimista as classes de multimercados e de renda variável, que tem projeções de bons retornos até o final do ano mesmo com a corrida eleitoral a todo vapor.

“Aconselhamos a adoção de dois hábitos para obter melhores resultados: acompanhar a carteira de 6 a 12 meses e realizar revisões apenas pontualmente diante das mudanças estruturais”.

Com informações do Infomoney, Folha e G1

Não há posts para exibir