Deu Ruim: descubra como os brasileiros lidam com dinheiro

Conforme uma pesquisa da OCDE feita com 30 nações, o Brasil ficou na 27ª posição entre as comunidades que pior lidam com o dinheiro.

Se quando vê no noticiário da TV que a inflação subiu ou caiu, que a Selic está em queda ou que o dólar variou você não entende bulhufas, saiba que você está entre os brasileiros que não entendem (e não tentam entender) a situação do país.

Isso é ruim? É péssimo porque uma pessoa não tem interesse em saber como está o país, também não vai querer perder tempo aprendendo sobre suas próprias finanças.

E agora nós estamos aqui para falar isso com base em estudos! O índice brasileiro, quando analisado o conhecimento sobre educação financeira, é de 58%, ou seja, bem abaixo da média mundial, que foi de 78%.

Isso só prova a dificuldade do brasileiro em conseguir manter um controle financeiro positivo.

Os dados são da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mediu as competências da população adulta quando o tema é educação financeira. Eles levaram em conta três pilares básicos:

  1. Conhecimento,
  2. Comportamento,
  3. Atitude.

O Brasil só ficou na frente da Croácia, Bielorrússia e Polônia.

“Adultos em muitos países ao redor do mundo que mostraram baixos níveis de conhecimento financeiro deixam de adotar comportamentos que poderiam melhorar sua segurança financeira, além de terem atitudes orientadas para o curto prazo”.

A avaliação é do estudo, que foi divulgado no início do ano.

Os dados são preocupantes, mas, por incrível que pareça, não surpreendem os especialistas.

O que dizem os especialistas

Reinaldo Domingos foi um dos primeiros a comentar a pesquisa.

“Em geral, não se sabe nem o conceito de educação financeira. Você toca no assunto e as pessoas acham que é saber matemática, sendo que é algo muito mais comportamental. Para expandir o conceito, é preciso um método e isso tem que ser levado para a escola”.

É verdade que as escolas não ensinam nada sobre dinheiro, como já mostramos no vídeo abaixo:

https://youtu.be/YyizO8IzUNo

Por outro lado, Domingos cita que o problema está além: em uma combinação de fatores que faz com que a gestão do orçamento familiar seja colocada sempre em segundo plano nas famílias.

Isso sem contar com o estímulo ao consumo, o crédito acessível, a dificuldade em investir, o consumo consciente, o planejamento para o futuro. Tudo isso, para Domingos, justifica o aumento da inadimplência do país quando está em recessão.

Ainda usando a pesquisa da OCDE, dá para reconhecer que apenas 30% dos brasileiros são considerados poupadores, ou seja, que tem alguma reserva financeira guardada. O índice só não é pior do que o da Hungria.

“Esses temas nem são discutidos em família. Não há um projeto de vida em conjunto que poderia ajudar no equilíbrio financeiro. Tudo isso leva à inadimplência e explica uma parte dessa pesquisa”.

Se o brasileiro ganhasse mais, será que resolveria?

Mauro Calil também se envolveu com a pesquisa e para ele se o brasileiro ganhasse mais não resolveria a situação porque uma das razões para o baixo desempenho é ver a gestão das finanças como algo passivo.

“As pessoas acreditam que a solução para os problemas financeiros está em ganhar mais dinheiro. Mas não é a quantidade de dinheiro que resolve, e sim as atitudes atreladas a esses recursos”.

“Isso explica, além da pesquisa, o porquê de três em cada quatro ganhadores da loteria voltarem a sua situação financeira original, ou ainda pior, após quatro anos”, diz.

Para mudar o quadro, além de investir na educação financeira infantil nas escolas, a solução apresentada por Calil é tornar o tema mais atraente para os adultos.

“Mesmo quem tem acesso a uma consultoria financeira personalizada nem sempre segue a orientação. É o mesmo que ir ao médico e não tomar o remédio. No Brasil, temos um problema cultural forte, de consumo, em que os bens são muito valorizados”.

“Nem sempre essa pessoa e que possui mais riqueza”.

Mesmo em situações de crise, os analistas afirmam que o ideal é negociar e nunca deixar a dívida se estender por longos períodos.

“Em uma situação de crise, as pessoas podem fazer negociações melhores. Pode ter descontos para pagamentos de dívidas ou na renovação do contrato de aluguel. Sempre é possível fazer economia”, afirma.

Tudo é uma questão de comportamento

A pesquisa também indicou 3 situações graves:

  1. O conhecimento do brasileiro é baixo, de 26%,
  2. A atitude ou saber o que fazer com o dinheiro também, 24%,
  3. E o comportamento mostrou inadimplência.

Assim sendo, em uma escala de 0 a 10, o brasileiro ficaria com 7,5 em termos de conhecimento. “O Brasileiro conhece de forma adequada os principais conceitos financeiro, sabe o que é uma taxa de inflação, essas coisas simples”, avalia Luiz Rabi, do Serasa.

O que é preciso notar é que o comportamento é o mesmo – tanto para pobres quanto para ricos. Aliás, é igual também para homens e mulheres. O comportamento, assim, não varia em praticamente nada.

“Ele não planeja o futuro, ela gasta mais do que ganha. É uma atitude que beira a irresponsabilidade do ponto de vista da educação financeira e algo que precisa realmente ser mudado se realmente o brasileiro quer ter uma vida financeira mais aprimorada”.

Ele compara a um gordinho, que sabe que precisa emagrecer, mas não abre mão de um bombom.

“É quase como um ato compulsivo como o uso de drogas. A inteligência emocional é muito baixa. Quanto mais angustiado, mais complicada, maior a prevalência de comprar e gastar”, diz o psiquiatra Eduardo Ferreira dos Santos.

Reprodução: Google

A caderneta da poupança é o principal investimento financeiro

Outra pesquisa, agora do SPC e do Serasa, mostrou que os brasileiros continuam investindo na poupança como forma de guardar ou rentabilizar o dinheiro.

“Nos últimos anos, quem optou pela poupança teve parte do seu dinheiro corroído pela inflação ou, no máximo, conseguiu alcançar um rendimento bastante baixo”, diz Marcela Kawauti, do SPC.

“No caso de quem manteve o dinheiro em casa, as perdas foram ainda maiores”.

Os fundos de investimentos, na média, são a 2ª forma mais usada para guardar dinheiro, seguido pelos planos de previdência privada, com 10 e 6% respectivamente. Depois, aparece a aplicação em renda fixa e bolsa, com menos de 5% do total juntos.

A pesquisa foi feita entre os dias 2 e 17 de janeiro em 5 regiões do país.

O brasileiro não sabe guardar dinheiro, apesar de saber que isso é importante

Por fim, a 3ª pesquisa indicada é a da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), que mostra que cerca de 85% dos brasileiros têm consciência da importância de guardar dinheiro, mas mais de 50% não fazem isso.

“Falta disciplina para o brasileiro quando o assunto é dinheiro. O comportamento da maioria das pessoas é consumir imediatamente. Poupar significa se privar de algo, mesmo que no curto prazo”, diz Aquiles Mosca, da Anbima.

“O brasileiro sabe oq eu deve fazer, mas ainda tem dificuldade de abandonar velhos hábitos de consumo”, afirma.

“Se as pessoas não se privarem hoje, vão sofrer as consequências no futuro. Atualmente, a maior parte dos aposentados no Brasil depende financeiramente dos seus filhos ou teve que baixar o padrão de vida para continuar se mantendo”, orienta.

Para Ana Leoni, também da Anbima, ter uma reserva de emergência não é um bicho de sete cabeças. “É uma questão de planejamento e prioridade, independente da renda”.

“o que pode ajudar nesse processo é associar disciplina e necessidade de poupar a algo tangível e prazeroso. Sempre pensamos em reserva financeira para emergências. Mas aconselho a pensar em se prepara para as oportunidades”.

Com informações do oglobo e G1

Não há posts para exibir