5 Razões para dar Atenção às Ações do Setor Elétrico na B3 no fim de 2017

Fizemos um breve compilado com as notícias que foram mais importantes do mercado de ações deste mês. Existem também outros assuntos que são polêmicos e ainda estão em discussão.

Mas, os citados aqui interferem diretamente na vida de qualquer investidor que tenha o hábito de investir dinheiro na Bolsa de Valores de São Paulo.

A sequência das notícias não está definida por ordem de importância, mas sim de comentários e compartilhamentos na internet, o que prova que são assuntos que, no mínimo, precisam ser reconhecidos e vistos pelos investidores.

Confira!

1 – XP Investimentos quer Criar Comercializadora de Energia Elétrica

A corretora de valores XP Investimentos, que é considerada uma das melhores e mais conhecidas do Brasil, avisou que tem a intenção de lançar, ainda este ano, uma comercializadora de energia elétrica para atuar com negócios de grandes volumes.

Tudo deve girar em torno da oferta de contratos financeiros de eletricidade.

Atualmente, a empresa já intermedia esses contratos e presta apenas consultoria no setor, assim a ideia é aproveitar a experiência para buscar novos negócios no mercado livre de eletricidade, focada em indústrias, por exemplo.

A compra da energia seria feita diretamente com as grandes geradoras e comercializadoras.

“Estamos estruturando nossa comercializadora e, até o final do ano, antes do último semestre, devemos estar em operação. Vamos focar muito no atacado, para dar soluções para os clientes oferecendo produtos financeiros”, garantiu o chefe da área de energia da XP, Rafael Carneiro.

Os contratos não exigem a entrega física da energia pelo vendedor.

Sendo que essas operações, os compradores e os vendedores podem apostar em um preço futuro da energia ou se proteger de oscilações de preços, exatamente como acontece com as commodities.

As posições futuras são pagas contra o preço à vista da energia elétrica, em uma transação de liquidação e spot, sendo que o Preço de Liquidação das Diferenças acontece no mercado de balcão.

“Queremos estimular e fomentar o uso dos contratos financeiros”, avisou Carneiro.

Para ele, a empresa vai focar em negócios com boa rentabilidade e apostará na força de sua marca para conseguir clientes, principalmente a se pensar no histórico de que a XP comprou 49,9% da fatia do Itaú Unibanco.

“A marca XP acaba atraindo. E depois dessa operação com o Itaú, sem sombra de dúvidas a XP será vista como uma excelente contraparte nesse mercado”, avaliou.

Ainda durante a entrevista que cedeu à internet, Carneiro disse que os contratos com preços atrelados ao dólar ou outros índices diferentes da inflação são exemplos de produtos financeiros de energia elétrica que podem ser oferecidos pela comercializadora da XP.

Reprodução: Google

Mudança nas Regras

A XP atualmente atende a 50 clientes no setor elétrico como consultora e prestadora de serviços, fazendo a intermediação de contratos financeiros entre comercializadoras e clientes. Todos são registrados na Cetip ou na Bolsa B3.

Diferente disso, a aposta é ter um crescimento mais forte dos contratos financeiros a partir da reforma que será feita nas regras do setor elétrico que o Governo Federal está promovendo para concluir até o final do próximo ano, 2018.

Um dos itens dessa reforma seria a separação entre a comercialização de contratos de eletricidade e a contratação de novas usinas, o que é chamado pelo mercado de lastro ou, simplesmente, energia física.

Isso facilitaria a negociação dos contratos como produtos financeiros, desobrigando quem quer atuar no mercado de possuir uma usina de geração ou se cadastrar como agente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), conforme disse Carneiro.

No final do artigo, teremos também – Bônus: Novo Presidente da CVM cobra atuação isenta

“Se isso for aprovado, será o grande mote do contrato financeiro. Isso abre portas para que novos participantes entrem nesse mercado, tal como bancos e fundos, que podem vir a negociar tais contratos”, avisou Carneiro.

A reforma ainda está em discussão no governo e prevê também uma expansão do mercado livre de eletricidade nos próximos anos, com a redução gradual das exigências para que um consumidor compre energia a partir desse ambiente.

“O mercado financeiro de energia vai ser uma consequência natural da expansão do mercado livre, que vai exigir mais participantes, mais ferramentas de gestão de risco”, diz Carneiro.

Além disso, conforme o executivo da XP, há de se pensar que existem as possibilidades de aprovação das demais propostas do governo para o setor, como a criação de incentivos para que estatais, como a Eletrobras, vendam ativos para o setor privado.

Vamos falar sobre a Eletrobras nos próximos tópicos.

Para Carneiro, dessa forma não devem faltar interessados nessas oportunidades, mesmo em um momento em que diversas outras elétricas buscam vender ativos, incluindo um plano do governo paulista para privatizar a geradora estatal Cesp.

“O setor tem atraído bastante interessados. Eu, particularmente, não tenho uma visão de que há mais oferta de ativos do que de demanda. O setor deve atrair grandes participantes”, afirmou.

2 – Ações da Eletrobras teve aumento antes da Privatização

Os papéis valorizaram mais de 40% com o anúncio do governo, um aumento acima do habitual no mercado acionário – as ações dispararam a 47,32%.

Assim, o pacote de especulações no mercado financeiro também se movimentou.

O anúncio foi feito no final de agosto com a justificativa de que “a empresa acumula dívidas e ineficiência nos últimos anos”.

A Eletrobras é responsável por 31% da geração e 47% da transmissão de energia no Brasil. E, apesar de todos resultados negativos desde 2012, no primeiro semestre deste ano conseguiu saldo positivo influenciado, principalmente, pela venda das subsidiárias.

Para especialistas, a compra e o ganho das ações da Eletrobras só não foram maiores devido ao fato de a empresa não liberar grandes lotes normalmente.

Os grandes compradores nos dias que antecederam à divulgação da privatização nas ações da ELET On foram Liquidez, Bradesco e Safra enquanto que na ELET PNB foram Morgan Stanley, BTG Pactual e Citi.

Além deles, há também quem já tivesse ações da empresa e ganharam muito dinheiro. Como o dono do banco Clássico, José João Abdalla, o Juca Abadalla, que é o maior acionista individual da Eletrobras, com 12,5% das ações ordinárias.

Especula-se que o lucro tido é de cerca de 1 bilhão de reais com a alta das ações da estatal.

A CVM (Comissão de Valores Imobiliários) informou que: “acompanha e analisa as informações e movimentações envolvendo companhias abertas e o mercado bursátil, tomando as medidas cabíveis, sempre que necessário”.

A privatização da Eletrobras tem a ver também com o assunto do aumento de preço da energia elétrica ao consumidor comum (residencial).

Informações advindas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que a venda da empresa pode sim gerar um aumento de até 17% nos preços da tarifa da energia.

Para dirigentes da agência, a venda a valores de mercado da energia poderia ser gerada por 14 hidrelétricas antigas da Eletrobras, que operam com preço fixos e mais baixos, pode ser a responsável pelo aumento de preço.

O mercado chama isso de “descotização”, que é um aporte de capital feito por emissão primária de ações que a União acompanhe.

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Entenda como é e como pode ficar a Eletrobras com a Privatização

A Eletrobras é uma empresa de capital misto, sendo que tem ações negociadas na Bolsa de Valores, porém o Governo é o maior acionista (51%) – e obviamente quem define os rumos da empresa. Além disso, 13% das ações estão com o BNDESPar.

Para o setor privado, fica apenas 30% e os papéis são divididos em mais de 20 mil investidores, que estão entre pessoas, empresas e fundos de pensão.

O novo modelo ainda não está definido, mas o ministro de Minas e Energia já afirmou que o governo não venderá suas ações, isso resulta no pensamento de que a operação preferida será feita com a diluição do controle.

Tal fato, se ocorrer, vai exigir a criação de novas ações.

Dessa forma, o governo ficaria no mesmo lugar, com o mesmo número de ações, mas seus papéis passariam a representar um porcentual menor do todo.

Para que seja viável, a União transferiria de volta para a Eletrobras o controle das 14 usinas hidrelétricas. Aí, entraria o processo de “descotização”, aqui citado, onde a Eletrobras pagaria os recursos e o dinheiro da operação entraria para o governo como receita primária.

Esse processo precisa passar pela aprovação do Congresso Nacional.

Pode ocorrer também outro modelo na venda de ações: a simples venda das ações, onde o governo definiria sua parte das ações que pretende vender e o mercado disputa quem vai ficar com a participação.

Nesse caso, sem dúvidas, haveria uma supervalorização dos papéis.

Porém, com a simples venda de ações, a Eletrobras ficaria com pouca participação no processo já que é um acionista transferindo sua participação para outros.

Ao que se sabe, no entanto, o plano do governo é continuar com poder de decisão na administração da companhia, portanto, sem força para o poder majoritário, cria-se a especulação de uma ação especial, chamada de “Golden Share”.

Ela não dá o controle a quem possui, mas poderia ser ao governo, que teria o poder de vetar decisões estratégias do conselho, por exemplo. O mecanismo já foi usado em países europeus e replicado no Brasil, em companhias como Embraer e Vale.

3 – Elétricas e Estatais se Beneficiam com a privatização da Eletrobras

A notícia da privatização da Eletrobras também impulsionou outras elétricas, principalmente as estatais, que foram favorecidas com a ideia das mudanças na gestão do setor e que, provavelmente, sofrerá menos interferência do governo.

Para a LCA Consultores, essa mudança vai seguir o modelo já adotado em outros países.

Para o Itaú BBA, o processo pode gerar mudança positiva na dinâmica do setor energético, inspirando nomes como Copel (CPLE6) e Cemig (CMIG4). Eles dizem que um player privado poderia adicionar pelo menos 40 bilhões em criação de valor através de uma iniciativa de redução de custos.

Já os analista da Eleven Financial Research, Rafael Bevilacqua, o mercado vai ficar mais atento às elétrica e a possibilidade de um ambiente mais benigno para o setor. “Vamos começar a voltar para o valor de mercado que elas tinha há dois ou três anos”.

O Bradesco BBI também ressaltou o impacto positivo no setor, afirmando que a decisão é boa para as elétricas uma vez que, dada a regulação pró-mercado, não será necessário um player nacional para os grandes investimentos.

Do lado das estatais, Sanepar (SAPR4) e Banrisul (BRSR6) também foram beneficiadas com a ideia de que podem ser privatizadas. O governo não chegou a citá-las, porém a euforia do mercado leva a crer que o Planalto não descarta a possibilidade.

Já a Petrobras (PETR3, PETR4) e o Banco do Brasil (BBAS3) também foram impactadas.

Nesses casos, não há referências à privatização, mas sim à percepção de melhora na governança corporativa delas, além da demonstração do próprio governo que pretende reduzir sua atuação nelas, como apontam os analistas da XP Investimentos.

No final do artigo, leia também – Bônus 2: 4 Ações para Lucrar no atual Cenário Político

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4 – Infraestrutura e Açúcar e Álcool também merecem atenção

Algumas novidades, que estão dentro do pacote do governo prevê a concessão de 14 aeroportos, com edital sendo publicado no 2º trimestre de 2018 e o leilão para todos os terminais no 3º trimestre do mesmo ano.

Nesse pacote está a desestatização de aeroportos do Governo Federal, com grandes operações, como no caso dos terminas de Congonhas, Recife e Vitória.

Para o Bradesco BBI, as perspectivas para estes leilões apresentam oportunidades para a CCR e Ecorodovias.

“No caso da CCR, nossa opinião é que a empresa pode adquirir a participação de 49% da Infraero no aeroporto de BH (Confins) e também avaliar os 14 aeroportos a serem leiloados no segundo semestre”.

No caso do setor de açúcar e álcool, mas fora do pacote de privatizações, outra notícia também ganhou notoriedade: as usinas São Martinho (SMTO3), Cosan (CSAN3) e BrasilAgro (AGRO3) tiveram o anúncio de 20% na tarifa de importação para etanol, válido por dois anos sobre o volume que exceder os 600 milhões de litros.

Para a BTG Pactual, a notícia é boa para o setor.

“Embora não esperamos impactos para o preço do etanol, acreditamos que os produtores irão acelerar a produção de etanol, dado que o preço do açúcar está abaixo do nível equivalente do etanol”, afirmaram.

“Por conta disso, considerando um aumento na produção de etanol de 1,5 bilhão ao ano, o mixo de etanol aumentaria de 53% para 56%, reduzindo a produção de açúcar em 2,5 milhões de toneladas (6% de corte na produção nacional)”, continuaram.

“Isso poderia ser trigger importante para os preços do açúcar. A RenovaBio pode ser o próximo passo para ajudar o setor”, finalizaram.

5 – A B3 não fica para trás

Com a série de leilões anunciados, não há como negar o otimismo da administradora da bolsa de valores.

Para o diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), pelo menos dez empresas manifestaram interesse nos próximos leilões de concessão para a exploração de petróleo e gás natural na camada do pré-sal.

A segunda e a terceira rodada de licitação em regime de partilha será nos próximos dias.

Também estão previstos leilões de energia, hidrelétricas, aeroportos e de concessões rodoviárias, todos visando movimentar grandes valores na bolsa brasileira.

Existe, além de tudo, a possibilidade um novo IPO (Oferta Pública de Ações) da Infraero.

Mauricio Quintella é ministro dos Transportes e diz que a venda da participação da Infraero nos quatro aeroportos já concedidos à iniciativa privada não fecha a porta para uma eventual abertura de capital de administração de aeroportos.

A Infraero, para se ter uma ideia, chegou a um balanço negativo de 3 bilhões de reais. Aí, conseguiu reduzir gastos a 700 milhões de reais, mas ainda requer iniciativas para sanar a empresa.

Em se tratando de IPO, podemos citar ainda a Camil, que deve ofertar mais de 1,4 bilhões ao mercado acionário. O montante seria o ponto médio da faixa indicada de preço, que varia de 10,5 a 13 reais.

O IPO quer captar 457,5 milhões de reais em recursos para novos investimentos, além de dar saída a seus acionistas.

O IPO é coordenado pelos bancos Bank of America Merrill Lynch, Bradesco BBI, Itaú BBA, JP Morgan e Santander.

Bônus: Novo Presidente da CVM cobra atuação isenta

Marcelo Barbosa é o novo presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“A aplicação da norma por parte da CVM deve ser feita de forma isenta e técnica, com o pleno entendimento de que o direito aplicável é aquele que se extrai da norma, o qual nem sempre será aquele mais conveniente a uma parte ou outra”, afirmou durante o Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, da B3.

“Devemos sempre procurar nas regras existentes soluções. Se não for assim empregaremos o nosso já escasso tempo de forma ineficiente, deixando desatendidos outros assuntos importantes”, afirmou.

Ele comentou também sobre a revisão de algumas instruções que precisam ser enfrentadas em breve, com a 461, que disciplina os mercados organizados e o funcionamento da bolsa de valores. “Esse processo está em andamento”.

“Cada decisão do colegiado da CVM representa uma oportunidade de a autarquia comunicar seu entendimento em relação a cada matéria e cada oportunidade deve ser aproveitada de forma eficaz para externar com clareza e objetividade qual o posicionamento da CVM de forma a orientar o mercado e seus agentes”, disse.

“As práticas de mercado estão em constante evolução, seja pela criatividade de seus agentes, seja pelo desenvolvimento de ferramentas tecnológicas. O fato é que a CVM não deve estar só apenas preparada para rediscutir suas regras, mas acompanhar de perto o mercado para se manter atualizada em relação às tendências e responder tempestivamente com as respostas regulatórias adequadas”, finalizou.

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Bônus 2: 4 Ações para Lucrar no atual Cenário Político

O conturbado cenário também faz com que surja novas oportunidades no mercado financeiro.

Conforme um relatório da WhatsCall Research, a ideal central é apostar na queda das ações do cenário de commodities, em especial as agrícolas, “que devem continuar exportando os mesmos volumes que os projetados antes da crise, em função do tamanho da sua safra”.

Já ações de empresas com controle estatal, principalmente as federais, podem ser pressionadas, falaram os analistas Fernando Bresciani e Flávio Conde, que assinaram o relatório.

Entre as maiores quedas, a instituição diz que existem algumas muito atrativas. Veja:

1 – Itaú (ITUB4)

“O banco continuará gerando resultados fortes e sólidos com ou sem Temer na presidência, com o dólar a 3,10 reais ou a 3,50 reais. Mantemos nosso preço alvo de 46 reais a ação, com potencial de valorização de 32,6% até o final do ano”.

2 – Metalúrgica Gerdau (GOAU4)

Os analistas acreditam que a Gerdau vai continuar gerando bons números em 2017, sendo que 60% da receita líquida do grupo vem do mercado interacional.

“Além de se beneficiar com a retomada da economia interna, a receita da empresa possui um hedge natural em caso de desvalorização do real”.

Para os analistas, o potencial de upside é de 78% para os papéis da empresa holding da Gerdau.

3 – Sanepar (SAPR4)

Para os analistas, a empresa não tem exposição ao dólar e costuma ser um dos setores mais conservadores da economia.

“Sanepar é uma das melhores empresas de saneamento do país, e acabou de passar por um processo de revisão tarifária turbulento, onde obteve um reajuste de 25,63% diluído em oitos anos, sendo 8,53% em 2017”.

4 – Rumo (RAIL3)

“As ações da Rumo são uma das melhores opções em bolsa para capturar o efeito da super safra agrícola”, disseram.

Conforme os analistas, com ou sem Temer a safra vai continuar sendo transportada via ferrovia, pois não é possível escoar toda a produção por rodovias.

Com informações do G1, EM, Infomoney, JB

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